IPVA
Eu não gosto de pagar impostos!
Não gosto, mas pago! Entendo que, por ter uma matriz vertical, não cabe a mim o julgamento desses recursos.
Tenho sim, como cidadão, o dever de, como tal, fiscalizar as instituições para a gestão eficiente e honesta do valor que invisto na sociedade através do governo para que os benefícios sejam compartilhados e usufruídos por todos sem exceção.
Sinto-me responsável tanto pelo pagamento quanto pela fiscalização, e essas ações fazem parte de meus valores e de minha essência.
Porém, ao mesmo tempo, vejo com clareza a vagareza e o pouco retorno desse dinheiro para a população muito em função da gigantesca máquina governamental e das constantes divulgações de casos de corrupção e de desvios de verbas públicas. Acabo, enfim, por não ver na prática o resultado de minhas obrigações impositivas.
Você pode não concordar com esse meu posicionamento por acreditar que seus impostos não servem para nada e que essa imposição nada mais é que um assalto aos seus recursos tão dedicadamente conquistados. Você pode, por odiar pagar seus impostos, fazer vistas grossas de suas obrigações cidadãs e omitir alguns itens em suas declarações para reter mais notas debaixo de seu colchão. É uma escolha muito pessoal...
Mas como exigir daquele colaborador mais dedicação ao vê-lo chegando propositadamente sempre atrasado para que ele pare de roubar o tempo de trabalho de sua empresa se você rouba do seu país?
Como cobrar honestidade do governo se você continua a passar suas multas de trânsito para o nome de outra pessoa para que você não perca a sua carteira de motorista?
Como reivindicar uma promoção no trabalho se você procrastina cotidianamente e não exerce o melhor de seu potencial profissional?
A questão é muito clara: é mais fácil culpar o governo pela corrupção e pelas disritmias sociais! É mais fácil jogar a responsabilidade da estagnação e sua equipe pela ineficácia de seus funcionários! É mais fácil agredir o colaborador promovido em seu lugar dizendo que foi sorte ou por ser amigo do chefe!
É e será sempre muito mais fácil a comodidade de colocar a conta de seus infortúnios nas costas dos outros, afirmando que o mundo está contra você e que o azar caminha de braço dado com você.
Ter uma resposta positiva do mundo que te rodeia começa com ações que partem de dentro de você e o caminho do sucesso da prosperidade tem suas primeiras lajotas marcadas com o auto comprometimento.
Antes de cobrar as pessoas pelos resultados, cobre a si mesmo.
Antes de exigir engajamento da sua equipe, exija isso de você diariamente.
Antes de reivindicar crescimento profissional, enalteça a evolução por merecimento de quem quer que seja.
Eu continuo a não gostar de pagar impostos, mas ao fazê-lo, assumo um elevado nível de autorresponsabilidade e exponho a imagem de alguém que zela pelo mundo de dentro para fora, realizando minhas obrigações da melhor maneira possível. Mesmo que as pessoas não enxerguem e critiquem tal concepção, acredito piamente que a mudança começa em mim e, ao tomar as decisões por mim (sem ter a mácula do egoísmo), estou ao mesmo tempo construindo um mundo mais justo e horizontal.
Gandhi disse certa vez para que sejamos nós a mudança que queremos ver no mundo. Que partam de nossas íntimas intensões e ações os benefícios que esperamos que aconteçam ao nosso redor. Que surjam de nossa honestidade, de nosso comprometimento e nosso empenho o nosso crescimento.
Mas para que tenhamos, não somente uma sociedade mais justa e fraterna, uma evolução pessoal e realização profissional, basta apenas que assumamos as rédeas de nossas atitudes no sentido mais pleno que possa acontecer.
E que você pague seus impostos.
