Feliz Ano Novo, de novo?
Adoro a tese moderna que diz que o brasileiro precisa ser estudado pela NASA!
Pois acho que precisa mesmo!
Que outra nação do mundo tem tamanha capacidade de criar, planejar e executar como o povo tupiniquim sendo que, ao mesmo tempo, abre mão dessa expertise e resolve sempre começar, recomeçar e começar novamente? Sempre prometendo que quando passar o Carnaval, a Páscoa, o Natal e o Réveillon tudo vai ser diferente...
Como pode um país de potencial infinito abrir constantemente mão de sua força para fazer papel de trouxa diante do resto do planeta?
Tivemos Copa e hoje os estádios são elefantes brancos. Tivemos Olimpíadas e hoje não nos demos conta ainda do rombo orçamentário histórico que ficou no Rio. Tivemos um Sambódromo lotado para curtir a festa do povo e hoje recolhemos toneladas de lixo das arquibancadas. Tivemos o dom de acordar para mais um dia, mas, como hoje é quarta-feira de cinzas, deixamos o comprometimento com nosso desenvolvimento para segunda que vem, já que não dá pra começar nada depois do meio da semana, não é mesmo?
E assim as coisas vão se arrastando e não abrimos mão da chancela de “país do futuro”, pois também é mais fácil deixar para resolver amanhã já que resolver hoje vai custar muita energia...
Precisamos sim sermos estudados pela nossa falta de engajamento de amor ao próximo e fidelidade aos bons hábitos, pois o simples fato de abrirmos mão de exercermos nossas maiores capacidades já estamos nas autarquias da estagnação, optando por não fazer e ter a consciência disso.
E, ao contrário do senso comum, somos sim um povo egoísta que adora reter riqueza em detrimento da pobreza alheia. Damos apenas parte daquilo que nos sobra à mesa, compartilhando apenas o que não nos presta mais. Não somos prósperos por termos em nosso inconsciente coletivo essa cultura do ‘eu’ e acabamos por não crescer como nação.
Por sermos latinos, acreditamos piamente que as emoções são o único combustível de ação direta e que é no calor das relações que conseguimos realizar nossos feitos. Temos o coração quente, porém é na lucidez das ações que os benefícios mais acontecem.
E isso nem a NASA explica...
Usar mais o lado direito do cérebro é de grande valia, mas comprometimento e disciplina vem do outro hemisfério!
Sonhar e viver seus sonhos são ações tipicamente da área cerebral que domina 95% de nossa capacidade, mas há de se entender que filtrar isso pelos outros 5% torna-se vital para que o sucesso seja atingido, já que é no equilíbrio que a prosperidade acontece.
O brasileiro tem uma capacidade descomunal de criar o novo e de colocar energia em tudo o que faz, mas se deixa levar pela necessidade imediata e acaba se acostumando a não produzir resultados imediatos. Pronto. Está aí a matriz das procrastinações! Queremos o imediato e urgente e não damos chance ao crescimento orgânico e consciente de nossas metas.
Resta então criar novamente e reinventar a roda!
E lá se vai mais e mais energia e uma frustração enorme já vista logo ali na esquina.
A consequência disso é apelar para o ‘jeitinho brasileiro’ e construir puxadinhos em nossos objetivos para que, pelo menos, tenhamos um telhado que suporte as angústias de não atingirmos aquilo que sabemos que poderíamos...
Mas é mais fácil diminuir a distância a ser percorrida do que treinar mais e com maior dedicação.
É mais fácil deixar pra lá e ver como o governo vai dar conta disso.
Muito mais fácil esperar acabar a quaresma, o ano, a vida!
É no esperar que depois as coisas vão acontecer que estamos cotidianamente sofrendo por não assumirmos nosso protagonismo.
E isso cabe a mim, a você e a cada um de nós. Hoje e todos os dias, sem esperar que no ano novo nossas promessas sejam cumpridas.
Bora então começar hoje mais um ano novo, de novo!
